-Eu sabia. Sabia. Sabia. Sempre cago com tudo. A vida sempre caga comigo.
-Amiga. Para. Ele não merece você. A culpa não é sua.
-''Ele não merece você'' ENGRAÇADO NÉ! OS OUTROS SEMPRE FALAM ISSO PRA MENINAS QUE LEVAM UM FORA!
-PARA! Ele é um mulherengo, e não liga pros outros! O gurizinho que era apixonada por ti nas primeiras séries não existe mais, ENTENDE ISSO! Ele pode gostar de ti, mas nunca vai admitir isso!
-POR QUÊ?! POR CAUSA DO CORPO QUE EU NÃO TENHO? EU SEI DISSO! MAS EU NÃO POSSO FAZER NADA, INFELIZMENTE E PELA PRIMEIRA VEZ EU ESTOU ADMITINDO ISSO, EU AMO ESSE GURI, MARIANA! Eu sou apaixonada por esse guri, por aquele cabelo, pelo jeito brincalhão e brabão dele ... sabe, ele é carinhoso comigo mas perto dos outros, parece que...
-Você é uma criança? Que você é idiota?
-Eu sei... -começaram a sair lágrimas do meu olho- mas eu não sei, eu gosto tanto dele, quando brinca comigo.
-Maria Paula, vocês sempre foram assim, idiotas juntos mas nunca tiveram nada, nunca foram amigos mas é como se houvesse uma ligação. Todos falam ''Maria Paula e João Pedro'', vocês são um casal apesar de tudo, ninguém entende isso, nem vocês mas de tanto que vocês discutem e zoam um com o outro, isso torna amor! Mas ele, o mulherengo, o bonitão, nunca vai admitir isso.
-Eu sei. E isso é o que mais me machuca, entende?!
-Vai ficar tudo bem! Ele ainda vai perceber que você é a alma gêmea dele, ele vai admitir isso! Enquanto isso não acontece, tenta esquecer...
Assim, dormi no colo dela com lágrimas escorrendo no meu olho. Acordei só no dia seguinte com ''
Baby, when they look up at the sky'' vindo do meu celular. Era 06h30. O horário do meu despertador normal.
Levantei com a menor vontade de ir para escola e ver aquelas pessoas fofoqueiras e funkeiras. Vai se fuder.
Fui para a cozinha e comi meu cereal, não tinha ninguém acordado. Então, aproveitei para chorar. Desabei, me aliviei. Eu sentia algo por ele, infelizmente...
Chegando na escola, e vendo aquelas pessoas, não encherguei a única pessoa que me interessava ali, Mariana. Então resolvi sentar em um banquinho embaixo de uma árvore no pátio, enquanto ela não chegava. Faltava 15 min. para começar a aula, peguei meu livro: ''Cidade dos Ossos''... tinha começado a ler e sinceramente, estava gostando. Fala sobre uma menina chamada Clary, onde ela ia para NY em uma discoteca, só que ela presencia um assassinato e tudo mais.
Quando senta do meu lado um menino com cabelos castanhos e um pouco de sardas no nariz. Eu sabia que conhecia ele, mas não me lembrava de onde.
-Cidade dos Ossos?! É bom?
-Estou recém começando, mas to gostando. Ahn...
-Sou Jane do segundo ano, receio que você não se lembra de mim!!
Então eu lembrei...
-Ah, Jane... amigo do João, certo?
-Isso! Do torneio de vôlei onde você me ajudou quando me machuquei!
-Ah sim!! Tudo certo com você, Jane?
-Tudo sim! Vi você sentada aqui sozinha, e geralmente você nunca está sozinha, então, faz tempo que não te via, garota!
-Poisé! Mas eaí? O que anda fazendo da vida?
-De cupido!
-Cupido??
-É. Estou ajudando algumas almas gêmeas ...
Nós dois rimos.
-Quais são as almas gêmeas? - falei, rindo.
-Você e o Lucas está sendo uma delas, uma das mais dificies, sabia?
Fiquei quieta e provavelmente, vermelha. Também fiquei impressionada por conseguir falar alguma coisa.
-Como assim? Você esta doido?
-Vocês não me enganam! Desde o pré apaixonados, entre tapas e beijos, mais tapas, mas mesmo assim!
-Para, credo. Nem amigos somos.
-Você esta me tirando? Ele é apaixonado por você garota!
-Aham. E eu sou papai noel.
-Sabe quando ele te deu um beliscão? Sabe quando ele te chamou de chata? Sabe quando ele te desafiou? Tudo isso é um jeito de ele dizer ''te amo''. Pensa nisso.
Assim, ele levantou e foi indo para seu grupinho.
-Ele nunca admitiria isso... nem eu.
Falei baixinho mas acho que ele ouviu.
Isso não saiu da minha cabeça durante a aula na qual eu e ele nem se olhamos, era como se não se conhecessemos, pior que isso é meio verdade... só nossos colegas dizem ''Maria Paula e João'', quem não esta na minha turma desde o pré, pensa que se odiamos! E é o que realmente o pacote apresenta!
Só que poxa, de algum modo eu amo ele. Nem sei por que. É isso que mais tenho raiva.
Fico me iludindo dizendo que somos alma gêmeas mas não somos porra nenhuma! Jura que ele gostaria de uma guria como eu, a chata que sempre esta em uma discussão com ele. Que ele gostava no PRÉ.
Fui pra casa, simplismente arrasada, Mariana não foi a aula e mais uma manhã passou e eu me desiludindo cada vez mais!
Depois de almoçar, fui para o quarto, liguei minha televisão, coloquei no canal de músicas, aumentei o som no último volume. E liguei para Mariana.
-POR QUE VOCÊ NÃO FOI NA AULA?
-Estou com muita cólica. Chama a SAMU?
-Eu realmente tenho uma melhor amiga muito dramatica.
-HA HA HA. Não tem ninguém rindo. Maaaaaaaaaaas o que aconteceu de bom na aula?
-Na aula, o mesmo inferno de sempre. Mas na entrada da escola...
-Ai, não me mata de curiosidade, o que aconteceu?
Contei tudo pra ela e ...
-VIU?! AMIGA, SERÁ QUE ELE CONVERSA SOBRE VOCÊ COM OS AMIGOS DELE?
-Duvido muito. O Jane é apenas um do time dos nossos colegas, que só por causa que nós ja se gostamos no pré, acha que ainda somos um casal!
-NÃO VIAJA MARIA PAULA!!!!
-Ok, Mariana. Vou desligar. Não estou mais aguentando as pessoas colocando isso na minha cabeça, me enchendo de esperanças cada vez mais. Depois se falamos, beijo.
Assim, desliguei. Não queria chorar. Eu não vou chorar e para isso, sai de casa. Tinha que pegar um ar. Então coloquei meu jeans claro, uma blusa larga, não estava afim de me arrumar. E fui andando várias quadras, quando cheguei á uma praça que é em frente a uma das praias da minha cidade, lá quase nunca tem ninguém. Me sentei em um banco embaixo da sombra de uma árvore, coloquei os fones e fechei os olhos. Apenas sentindo a brisa do mar.
Me desconcentrei ouvindo um barulho de skates vindo da lomba, me levantei. Não iria ficar ali com um monte de guris andando de skate em volta. Nem conhecia nenhum deles. E fora que já estava escurecendo.
Fui andando, ainda com os fones. Mesmo com eles pude ouvir o barulho de skates, só que dessa vez chegando mais perto, e mais perto ...
-EAÍ GATINHA! -disse um deles, ele era loiro e alto.
-O QUE TA FAZENDO POR AÍ ESSA HORA? -disse outro.
-Com licença, tenho que ir. -falei, assustada com a situação.
-Mas já?! Por que tão cedo? Fica aí com nós!! - falou o loiro e alto.
-ÉÉ. fica aí delicia. - falaram todos.
Quando um deles, moreno, começou a me puxar pelos braços. Enquanto o loiro alto pegava mechas do meu cabelo e chegava perto do meu rosto.
-ME LARGUEM! -não devia ter falado isso.
-Por que? Somos feios? Não né? Não vai brigar com nós ne loirinha? - falou em um tom de deboche, o loiro. E chegando perto do meu pescoço.
-SOCORRO! ME LARGUEM! O QUE QUEREM COMIGO?
-Gatinha, pra que ficar braba? Não berra não, se não o cachorrão aqui não gosta!
Eles foram chegando mais perto de mim. Eu tentei correr, mas só piorou!
-Vem cá delicia! Essa sua camiseta ta muito grande, o que acha de levantar um pouco e cortar? Ficaria uma gracinha. - falou o moreno.
-ESTOU MUITO BEM COM A MINHA CAMISETA! ME SOLTEM, POR FAVOR!
-Gatinha, pode parando!! - quando o loiro foi falando em um tom mais grosso e apertando mais forte meu braço.
-Fica quietinha, se berrar mais vai ser pior!
De repente só vi um deles levando um soco. Quando o moreno tentava bater no guri cujo deu o soco.
Era ele. João. João Pedro.
Entraram em uma briga e eu tentei gritar socorro mas ali era deserto e nisso um dos guris me agarrou, mandando ficar ''quietinha''. Eu estava entrando em desespero, nessa hora já tinha chorado litros. João tava apanhando, eu chorava mais e pedindo mais por socorro. Eu não sabia o que fazer!!
Dei um soco no saco do que tava me segurando, peguei um pedaço de pau que vi no chão e acertei na cabeça do loiro. Não sei como fiz isso, mas em desespero, criei forças. Foi quando o único que sobrou veio até mim mas foi atingido com um soco dado por João, que em seguida, bateu nos outros até não terem mais forças para levantar. Eram três. Mas quando estavam em volta de mim, pareciam dez. Foi horrível.
Me joguei nos braços do João, chorando até não aguentar mais. Ele me abraçou forte e mandou manter a calma. Ele estava sangrando na barriga e no rosto, mas mesmo assim me ajudou.
-Obrigado! -só consegui dizer isso, entre meu desespero.
-Não tem que agradecer. Aqueles desgraçados mereciam essa surra e...
-Mas você não merecia, se machucou me ajudando!
-Você não tem que agradecer, quando eu te ouvi gritando, tu acha que te deixaria lá?! Com aqueles idiotas te agarrando? Nem pensar!! Mas você esta bem?
-Já estive melhor!
-Calma, vai ficar tudo bem, já passou! Eu to aqui pra te ajudar! Vem, vamos!
Ele escorado em mim, e eu deitada no ombro dele fomos andando até o pronto-socorro. Ele estava realmente mal. Aquele abraço dele me consolou, me deixou tão bem...
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